sábado, 26 de dezembro de 2009

Bock III - O Desafio Supremo

Nada como começar uma postagem com um título de peso hein!
Como todos já devem ter acompanhado, há algum tempo que me dedico a fazer cervejas do estilo Bock e suas "variações", por ser um dos meus estilos favoritos.
Esses estudos e testes que fiz, me renderam o 3° lugar na categoria Traditional Bock no IV Concurso Nacional de Cervejas Artesanais, ocorrido no Rio de Janeiro, no mês de outubro. Fiquei muito contente com a colocação, pois afinal de contas, eu fiz a minha Bock para o meu paladar e não especificamente para o concurso.

Mas voltando ao título do post, resolvi fazer uma (ou duas) Bock mais >Extrema< : uma DoppelBock e uma Eisbock. Sempre tive vontade de fazer uma DoppelBock (que em Alemão significa "Bock Dupla" por ser uma Bock com mais malte e álcool), mas por problemas de espaço (pois a fermentação é longa), ainda não tinha feito. Em uma visita ilustre na minha casa, estavam o grande Mestre-Cervejeiro Cláudio Zastrow e o nosso ilustríssimo cervejólogo (ou seria zitólogo?) e parceiro Feijão do portal Obiercevando conversando sobre os estilos que gostaríamos de fazer um dia. E o feijão falou de uma tal de Eisbock que eu realmente desconhecia. Aquilo acabou soando como desafio para mim e coloquei na minha lista de próximas bateladas. Agora todo ano eu e o Feijão brincamos: Qual o desafio para este ano? Bom, isto vai ter um post no ano que vem.

Então para fazer a leva, fiz a receita da DoppelBock e depois de fermentada partiria em duas.
Como minha leva é de 20 litros iria sobrar pouca cerveja para dividir. Por isso, peguei a panela emprestada do Max "Traíra" Prujanski que é um pouco maior e eu conseguiria fazer 30 litros. A quantidade de malte era tão grande que olha só como ficou a panela na brassagem.

Imagem: Dos autores do Pão e Cerveja

Só para reforçar e variar, eu fiz decocção. Para as minhas cevejas, Bock sem decocção não é bock (hehehe). Mas eu ainda não expliquei o porque dos 30 litros. Na fermentação, que ocorreu em um pouco mais de 1 mês, o fermento trabalhou com os 30 litros juntos. E foi depois da fermentação que o processo diferencia: 15 litros vai para a maturação para virar uma DoppelBock e os outros 15 litros vai virar a tal de EisBock.

Imagem: Dos autores do Pão e Cerveja

Mas o que é esta tal de EisBock? EisBock é basicamente uma DoppelBock que passa processo "ICE", ou seja, a cerveja é submetida a temperaturas negativas onde é retirado o gelo que fica na superfície, ficando mais concentrada (tanto o sabor quanto o álcool).
Com alguns problemas e muito trabalho, pois não tinha habilidade no processo de congelamento e retirada da cerveja, consegui finalizar os processos e engarrafei a DoppelBock e a EisBock sem refermentação na garrafa (usando o BeerGun. É, enfim consigo usar bem o bicho).

Imagem: Dos autores do Pão e Cerveja

A DoppelBock ficou com 9,2% ABV e de acordo com meus cálculos a Eisbock ficou com seus 10,5% ABV. O que posso falar das cervejas, é que ficaram realmente maravilhosas, pricipalmente a "Ice"! Consegui retirar em torno de 1,8 litros de gelo, ficando bem licorosa, alcoólica mas com ótimo "drinkability". O meu objetivo era atingir 11,5% ABV, mas creio que melhorando os meus processos eu chegarei lá.

Quem estiver em Floripa, me avise pois ainda tenho algumas unidades para degustar-mos, pois algumas vou guardar para acompanhar o envelhecimento.
E eu ainda fiz uma "Rauch-Bock" esses tempos. E com isso, termino a minha saga, com ótimas cervejas e aprimoramento dos meus processos.
Depois dessa "loucura" toda, achei legal o título do post!