A “La Ronda”, em português "A Rodada", é uma questionamento proposto a diversos blogueiros, a maioria de língua espanhola, sempre sobre um tema cervejeiro. Gracias por la invitación, Manzapivo!
A questão da La Ronda #26 é a seguinte:
"Pues bien, en esta ronda, vamos a poner a trabajar nuestra imaginación para crear una receta totalmente audaz, que sea totalmente inédita (si están en capacidad de trasladarlo de sus mentes a un vaso, sería magnífico), algo que se salga de todo lo convencional y que los más grandes puristas queden escandalizados".
Propor uma receita para escandalizar os mais puristas, audaz, inédita, fora do convencional é uma tarefa muito difícil. Conforme incitou Manzapivo, mesmo colocando a imaginação a trabalhar, definitivamente não é uma tarefa fácil.
Como cervejeiro artesanal, inúmeras idéias já passaram ou passam pela cabeça, algumas com propósito e, sinceramente, outras sem nenhum.
Pensei em algo inusitado há algum tempo, como curiosidade, algo natural de quem está experimentando e experenciando novidades na arte de fazer cerveja: usar boldo no lugar do lúpulo para gerar o amargor.
O boldo (Plectranthus barbatus) é uma erva medicinal utilizada na cultura popular brasileira para problemas digestivos (quando se come algo que faz mal, a dica é tomar um chazinho de boldo). O boldo é muito comum nos quintais das residências, pelo menos aqui no estado de Santa Catarina, sul do Brasil.
Dele elaboramos um chá (infusão) com as folhas da planta, que tem sabor amargo e muitas pessoas o consideram insuportável (há quem também goste e eu sou um deles).
Usar boldo em cerveja artesanal até pode ser considerado normal, pois os cervejeiros caseiros inventam novas receitas todos os dias com novos ingredientes, mas, creio, que utilizá-lo na elaboração das cervejas mais consumidas no Brasil, as "
pilsen brasileiras", na verdade American Light Lager (
BJCP 1A, 1B e 1C), seria sim, algo escandaloso, audaz, inédito e fora do convencional.
As "pilsen brasileiras" não possuem quase nenhum amargor, próprio do estilo e nenhum aroma de lúpulo. Creio que a minha sugestão seria uma alternativa à importação de lúpulo e, consequente, valorização do boldo nacional (que seria usado somente a conferência de amargor) e diminuição do preço final da cerveja aos consumidores.
Os mais puristas bebedores das "
pilsen brasileiras" ficariam escandalizados em saber que a sua cerveja favorita, aquelas que aparecem na televisão, com propagandas apelativas, utilizam "chá de boldo" na sua composição.
Além disso, a cerveja teria caráter digestivo. Quem sabe não é um novo nicho de mercado? Imagine você comunicando à sua esposa que vai beber mais uma cerveja porque está com má digestão. Excelente!!
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